“8 ANOS CELEBRANDO NOSSAS RAÍZES": Ciclo do A-Gosto de 2024 em Caracaraí/RR
No último sábado (17/08/2024), dentro da programação do A-Gosto das Culturas Populares e Tradicionais, aconteceu a “Festa de Rua” com a realização da "2ª Mostra Cultural/2024", no município de Caracaraí, estado de Roraima. Ela é uma realização da Associação Folclórica de Caracaraí: Cobra Mariana e da Rede Confluência Roda de Prosa de Roraima.
A Festa de Rua, como o próprio nome sugere, acontece na rua por meio de intervenções culturais, dentre elas: Banda Kruviana (formada por acadêmicos do Instituto Insikiran de Formação Indígena e do Curso de Música, ambos da Universidade de Roraima), Mestre Cazuza (Amo-cantador de Bumba-meu-boi de matriz maranhense), Mestre Caimbé (Grupo de Capoeira Raízes Brasileira), exposição e comercialização de artesanato com a Mestra Joana e a Rose do Crochê, as Crianças do Instituto a Moda é Viver, o cantor e compositor Jeremias, os itens da Cobra Mariana, dentre outros.
Quase tudo pronto! Era uma tarde de céu limpo, mas com um calor escaldante, devido às altas temperaturas costuma para esse período no Extremo norte. Enquanto isso, a economia criativa gerando renda com os produtos expostos e a disposição de todos e todas. Era também o momento dos reencontros e das conversas, das trocas experiencias e de nutrir esperança. Todavia, a esperança que pregamos é a que se faz presente nas Culturas Populares e Tradicionais, ou seja, é na perspectiva freiriana, especialmente quando ele disse: “é preciso ter esperança, mas ter esperança do verbo esperançar [...]. Esperançar é se levantar, esperançar é ir atrás, esperançar é construir, esperançar é não desistir! Esperançar é levar adiante, esperançar é juntar-se com outros para fazer de outro modo”.
E foi preciso fazer de outro modo porque o que antes era, um calor escaldante. Agora pairava sob nossas cabeças “ameaça” de chuva. Mas era preciso seguir, então, a Banda Kruviana, na pessoa do vocalista Dam Kuy A’ki, iniciou saudando a ancestralidade dos povos originários e, ao mesmo tempo, puxou um canto sagrado na língua materna. Foi um momento mágico e de puro êxtase com os cantos sagrados invocados naquele momento. Neste momento, o céu se abriu e caiu um temporal, mesmo assim, a Banca permaneceu enquanto foi possível.
Passado o momento da chuva forte, todos foram convidados para entrarem no espaço da Cobra Mariana, como uma grande Maloca, todos foram acomodando e ficamos mais próximos fisicamente. No entender da Catarina Ribeiro, “a festa de rua/mostra cultural foi pura magia. A chuva fez seu papel de lavar e levar tudo o que não servia para nós e nos juntou ainda mais”. E, ela ainda destaca: “a capacidade das Culturas Populares de se reinventar em qualquer situação é maravilhosa”. Nesta mesma linha de pensamento, Eidenia Sores destacou a capacidade de resiliência e persistência dos fazedores culturais.
É possível destacar vários momentos lindos e emocionantes da Festa de Rua por meio da 2ª Mostra Cultura de Caracaraí. Mas, eu ouso dizer um dos momentos mais marcantes foi o encontro das identidades culturais e ancestrais do Mestre Cazuza (Amo-cantador de Bumba-meu-boi de matriz maranhense) com artista indígena Dam Kuy A’ki (vocalista da Banda Kruviana). Neste encontrou sobressaiu a generosidade de ambas as partes, singularmente quando o Mestre Cazuza o presenteou com uma matraca (instrumento característicos da brincadeira do Bumbameu-boi maranhense). Enquanto o Dam Kuy A’ki tirou do próprio pescoço um colar indígena e colocou no pescoço do Mestre Cazuza. Depois de um longo abraço, a cantoria reiniciou até o momento de se dizer: até a próxima!
A festa não acabou com a saudação “até a próxima!”. Ela se estendeu um pouco mais e contou com outras atrações dentro da 2ª Mostra Cultural importantes, singularmente porque mostrou o trabalho com a crianças e jovens do Instituto a Moda é Viver. Esse trabalho é importante para a manutenção das atividades culturais da Associação Folclórica de Caracaraí: Cobra Mariana.
Ah! O A-Gosto das Culturais Populares e Tradicionais vai até o dia 07 de setembro de 2024. Por isso, não deixe acompanhar as nossas redes sociais para saber mais e acompanhar a programação do Ciclo de 2024 – “8 anos celebrando nossas raízes”.
Francisco Marcos Mendes Nogueira.
Historiador pela UFRR. Pesquisador e Brincante das Culturas Populares e Tradicionais. Membro da Confluência Roda de Prosa em Roraima e do Coletivo Encruzilhada: Gestão Cultural & Projetos. E-mail: marcos2201@gmail.com