Genial/Quaest mostra que Lula cresceu para 44%, aumentando a vantagem sobre Bolsonaro
São Paulo – Pesquisa Genial/Quaest sobre a corrida eleitoral para a presidência divulgada nesta quarta-feira (21) mostra que a diferença entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) cresceu para 10 pontos, interrompendo uma série de três rodadas que mostravam aproximação entre eles.
Da semana passada para esta, Lula cresceu dois pontos, para 44% dos votos, enquanto Bolsonaro se manteve com 34%. Segundo o diretor da pesquisa e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Felipe Nunes, os números “revelam um quadro bem negativo para o presidente”.
“Faltando 11 dias para o primeiro turno, o presidente passa a ter menos armas para tentar virar o jogo. O aumento no valor do Auxílio não gerou o resultado eleitoral esperado”, escreveu Nunes em sua conta no Twitter ao divulgar os dados da pesquisa.
O apoio de líderes evangélicos que fez Bolsonaro crescer significativamente, parou de criar efeito, interrompendo a conquista de votos entre evangélicos antes de alcançar a marca dos 80% desejados pela equipe de campanha à reeleição.
No caso das mulheres, Bolsonaro não consegue se aproximar de Lula, a distância continua sendo de 14 pontos. A rejeição do presidente cresceu entre as mulheres, enquanto a de Lula oscilou pra baixo.
A virada esperada pelo governo no Sudeste também não veio. Bolsonaro tem 38% dos votos do Sudeste, ou seja, aproximadamente 43% dos votos válidos – 10 pontos percentuais a menos do que ele obteve em 2018.
No Nordeste, o presidente também tem desempenho abaixo do que ele obteve em 2018. Em votos válidos, ele teria hoje 23% dos votos do Nordeste, mas em 2018 ele obteve 26%.
O que explica o crescimento de Lula na pesquisa Genial/Quaest?
Segundo Nunes, alguns fatores estão sob o aumento da diferença entre os dois candidatos. Na economia, mesmo com as melhorias dos últimos 2 meses, o percentual de quem acredita que a economia piorou no último ano ainda é muito alto, e oscilou para cima (45%).
Aumentou de 72 para 75% os eleitores que dizem que não viram redução no preço dos alimentos. Entre o eleitor de baixa renda, a situação do preço dos alimentos é ainda pior, 80% não viu redução de preço.
Para complicar mais as coisas, todas as medidas econômicas adotadas pelo governo para tentar baixar os preços ainda são vistas pela maioria como jogada política para tentar reeleger o presidente (59%).
Comunicação sem efeito
Além da economia, a comunicação de campanha de Bolsonaro também não tem conseguido os resultados desejados. Quem assiste aos programas na TV vota muito mais em Lula (47 x 40) do que em Bolsonaro (36 x 34).
O objetivo almejado, que era aumentar a rejeição de Lula com os ataques na TV, também não está sendo alcançado. A rejeição de Lula não cresceu entre quem assistiu os programas e comerciais. A rejeição de Lula não aumentou, mesmo que aproximadamente 80% dos eleitores dele e de outros candidatos já tenham visto propagandas negativas contra o ex-presidente. “Não está funcionando”, afirma Nunes.
O levantamento ouviu 2.000 pessoas em 120 municípios das cinco regiões do país, entre os dias 17 e 20 de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais e o nível de confiabilidade de 95%. Pesquisa registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o código BR-04459/22.
Haverá segundo turno?
Segundo a pesquisa divulgada hoje pelo Quaest, Lula tem atualmente 48,9% dos votos válidos, precisando de mais 1,2 ponto para atingir 50% e resolver a eleição no primeiro turno.
A própria pesquisa mostra que a agregação de mais votos em favor de Lula é um horizonte possível.
Quando questionados, 26% dos eleitores de Ciro, Tebet e outros candidatos dizem que mudariam o voto para que Lula vencesse no primeiro turno. Isso dá o dobro do que Lula precisa para ganhar (aproximadamente 3 pontos percentuais).
“Esses votos viriam principalmente de eleitores de Ciro Gomes! Mesmo que Ciro não queira apoiar Lula, essa é uma decisão do seu eleitor, como se vê”, afirma o diretor da pesquisa.
O clima de opinião vai se formando em favor de Lula, o que pode despertar ainda mais o voto útil de última hora, acredita Felipe Nunes. Por exemplo, 49% acham que Lula é quem vai ganhar a eleição, enquanto 37% acham que Bolsonaro vence, mostra ainda a pesquisa.
Em um eventual segundo turno, Lula teria 10 pontos de vantagem em votos totais sobre Bolsonaro. O que daria 55% dos votos válidos do segundo turno para Lula.
Pesquisa PoderData
Pesquisa PoderData também divulgada nesta quarta-feira traz o ex-presidente Lula na liderança, com 44% das intenções de voto, número que cresceu um ponto em relação à pesquisa da semana anterior. Na pesquisa, Bolsonaro tem 37%, mesmo nível da pesquisa anterior.
Ciro Gomes (PDT) e Simone Tebet (MDB) registram 7% e 4%, respectivamente. Variaram 1 ponto para baixo cada um nos últimos 7 dias.
Felipe d’Avila (Novo) manteve o 1% da rodada anterior. Soraya Thronicke (União Brasil), que não pontuava, foi a 1%. Eymael (DC), Léo Péricles (UP), Padre Kelmon (PTB), Sofia Manzano (PCB), e Vera (PSTU) não tiveram menções suficientes para pontuar.