Thiago Maia monta "anexo do Ninho" em casa e revela conversa decisiva com Dorival no Flamengo

Ausente na vitória sobre o Athletico por causa de uma suspensão, ele está pronto para o duelo com o São Paulo, nesta quarta-feira, no Morumbi, no primeiro jogo da semifinal da Copa do Brasil.

- Quando o Dorival chegou no Flamengo, me chamou e disse: "Preciso de você de 15 a 20 dias bem. Quando acabar o treino, vai lá com o Celso (preparador físico) e faz algo a mais. O Thiago que eu conheço não é o que está jogando agora, não é o Thiago que eu conheci no Santos" - contou o volante.

A lesão no joelho foi um divisor na carreira de Thiago Maia. Após o problema físico, ele mudou a forma de encarar a própria carreira e transformou uma parte de sua casa numa espécie de anexo do Ninho do Urubu, com equipamentos de musculação, fisioterapia e até um pequeno campo de grama sintética.

Diariamente ele faz trabalhos à parte com o fisioterapeuta Márcio Puglia, que também é funcionário do Flamengo. Além do corpo, o jogador passou a se preocupar mais com a parte mental, e tem o acompanhamento de um psicólogo. Os cuidados têm surtido efeito positivo.

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Thiago Maia ganha confiança com Dorival e se firma como titular

Confira a entrevista com Thiago Maia:

Ge: Em sua terceira temporada no Flamengo, você vive um dos melhores momentos e conseguiu uma boa sequência no time titular. O quanto foi difícil chegar até este ponto?

Thiago Maia: Fico feliz. Antes da lesão já vinha numa sequência boa, mas infelizmente ela aconteceu. Foi a mais grave da minha carreira. A primeira, e espero que não aconteça mais nenhuma. Tive que me readaptar, e graças a Deus conseguir dar a volta por cima. Agora as coisas estão dando certo. O time está indo bem e eu estou indo bem.

Eu plantei isso lá atrás. Teve aquela sensação de "será que vai dar para voltar?", mas depois deu tudo certo e eu voltei bem.

Thiago Maia montou estrutura em casa para fazer trabalhos diários de fisioterapia — Foto: Fred Huber

Thiago Maia montou estrutura em casa para fazer trabalhos diários de fisioterapia — Foto: Fred Huber

Como funciona esse trabalho físico complementar que você realiza em casa?

Faço os trabalhos no clube, e aqui eu complemento. Tive que me readaptar, foi uma lesão muito grave. Se eu não desse continuidade ao que o Flamengo me dá, era impossível desenvolver tudo o que eu posso. Esse espaço que eu fiz aqui em casa foi muito importante para minha volta.

Nos seus piores momentos durante a recuperação da lesão, o quanto você desejou alcançar um momento como o atual, com bom desempenho e uma sequência no time titular?

Quando cheguei no Flamengo, conheci um psicólogo, que hoje me atende. Eu não dava muita atenção para isso, mas depois da minha lesão percebi o quanto era importante. Se mentalmente o jogador não estiver bem, ele não flui. Me ajudou bastante. Aconteceram várias coisas na minha vida pessoal e profissional, e graças a ele mentalmente eu melhorei bastante. Me fez crescer. É muito difícil se manter em alto nível. Somos seres humanos, todos temos problemas fora de campo. O que tenho de mais importante é a minha família. Quando machuquei, meus pais vieram para minha casa. Isso me levantou.

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Thiago Maia comemora a classificação do Flamengo na Copa do Brasil

Qual acredita que seja a principal explicação para o sucesso do Flamengo com os dois times que o Dorival tem colocado em campo? E para você qual foi a importância da chegada do treinador para alcançar esse bom momento?

O Dorival está acostumado a trabalhar com jogadores de alto nível. Treinou o Neymar no Santos. Ele sabe administrar bem o vestiário, é um paizão. Ele caiu como uma luva no Flamengo. Eu particularmente fiquei muito feliz, porque foi ele quem me formou para o futebol, me ensinou muito. Quando ele chegou no Santos, comecei a crescer também. No Flamengo a mesma coisa.

Ele deixou o ambiente bem leve, é um cara que sabe escutar, ouve a opinião dos jogadores quando não se sentem confortáveis em alguma posição. Quando ele chegou no Flamengo, me chamou e disse: "Preciso de você de 15 a 20 dias bem. Quando acabar o treino, vai lá com o Celso (preparador físico) e faz algo a mais. O Thiago que eu conheço não é o que está jogando agora, não é o Thiago que eu conheci no Santos".

Foi isso que eu fiz. No fim do treino ia lá com o Celso e com Lucas (auxiliar). Hoje estou colhendo o que plantei. Como ele já me conhecia, sabia que eu estava abaixo. Agora está dando tudo certo, graças a Deus.

A concorrência por uma vaga no meio de campo aumentou ainda mais com a chegada do Vidal e Pulgar. Como você encara essa disputa para se manter titular?

Costumo dizer que é uma concorrência boa. Quando eu cheguei ao Flamengo, disse que eu vinha para somar, que não ia brigar com ninguém. Lógico que todos buscam seu espaço, o Vidal, Pulgar, João (Gomes) e Diego. No dia a dia a gente conversa e brinca bastante, mas dentro de campo existe uma disputa sadia. Isso é bom para o Dorival, porque todos querem mostrar serviço, e o individual sobressai.

Por causa da suspensão no jogo contra o Athletico, pela Copa do Brasil, você não pôde estar em campo na Arena da Baixada. É verdade que você agitou seu condomínio na comemoração da classificação?

Chegou uma notificaçãozinha de leve, mas pelo Flamengo vale tudo (risos). Não tem problema não. Faria mais, hein. Mas espero estar dentro de campo. Me mandaram um email (administração do condomínio) avisando, mas não tem problema não, ainda mais que a maioria aqui é de flamenguistas. Então, estou em casa. Na próxima vez com certeza vai ter mais gente fazendo também. Teve gente que chegou a disse: "Por que não me chamou?". A água da piscina estava muito gelada, mas na hora, com o corpo quente, com a classificação do jeito que foi, nem senti muito não. Depois o resfriado veio, né (risos). Mas tá bom, pelo Flamengo vale tudo.

Nesta quarta já tem o primeiro jogo da semifinal da Copa do Brasil, contra o São Paulo. Adversário que o Flamengo já venceu no início do mês pelo Brasileiro. O que dá para levar daquele duelo para esse agora?

São campeonatos diferentes, times diferentes... Certamente o São Paulo virá com sua força máxima, e temos que respeitar. Tem um treinador que já foi campeão aqui pelo Flamengo e sabe das nossas qualidades. Vamos jogar de igual para igual. Eles terão apoio dos torcedores agora, mas teremos 40 milhões torcendo por nós também. Então, espero que a gente consiga fazer um resultado bom.

Diante desse ótimo momento do Flamengo nas três competições que disputa existe algum favoritismo?

Desde que o Flamengo foi fundado, entra para brigar por títulos. O Flamengo tem essa identidade de brigar por coisas grandes. Fico feliz de participar desse projeto, e queremos dar continuidade ao que começou em 2019. Todos que enfrentam o Flamengo querem dar a vida. Sabemos que será muito difícil, mas estamos confiantes em buscar os títulos.

O Rogério Ceni conhece bem o Flamengo, mas os jogadores do Flamengo também conhecem o que o técnico gosta de colocar em prática. O que dá para levar para dentro de campo?

Acho que ele vai nos propor um jogo difícil. Ele já trabalhou com os jogadores que estão no Flamengo. Que a gente saiba aproveitar as chances. Vamos ver o que o Dorival tem para nos passar, e com certeza podemos fazer um bom resultado. Espero que ele (Ceni) dê uma acalmada (risos), já que nos conhece bastante.

Até 2019 você ainda era apenas um torcedor do Flamengo. O que significaria para você, agora como jogador integrante do elenco, repetir o sucesso daquela temporada?

Eu já estava muito feliz como torcedor. Agora então, a paixão ainda vai aumentando. Poder realizar o sonho da minha família, do meu pai, que é flamenguista desde pequeno... Eu cresci vendo o Flamengo jogar, para mim é muito gratificante e emocionante defender uma das maiores camisas do mundo. É como eu digo, não é só um time, é uma seleção.

Consegue fazer a imagem mental do que vai acontecer na sua cidade (Boa Vista) e no seu estado (Roraima) se o Flamengo conseguir o título da Libertadores, da Copa do Brasil...?

Lá 97% são flamenguistas. Então, sendo campeão, se Deus quiser, será muita festa. Aí vou pular na piscina, pular no mar, mesmo se tiver 2 ou 3 graus, não estou nem aí. Pelo Flamengo vale tudo. Pelo título vale tudo.

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