Rio São Francisco já perdeu 50% da superfície de água natural, alerta Mapbiomas

Com mais de 2.800 km de extensão, a Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco é a terceira maior do país e corresponde a cerca de 8% do território nacional. Com nascente em Minas Gerais, a bacia se estende até o Oceano Atlântico, onde deságua na divisa dos estados de Alagoas e Sergipe.


Nesse percurso, o Rio São Francisco passa por mais de 500 municípios e gera energia através de cinco usinas hidrelétricas, sendo elas: Sobradinho, Apolônio Sales, Paulo Afonso, Luiz Gonzaga e Xingó.


Mas, dados de um estudo feito em junho pelo MapBiomas, uma rede colaborativa formada por ONGs e universidades que analisa as transformações do território brasileiro, devido à má gestão das águas, nos últimos 30 anos, a Bacia do São Francisco perdeu 50% da superfície da sua água natural.

A transposição do Rio São Francisco


Segundo Washington Rocha, coordenador da equipe Caatinga no Mapbiomas, o principal motivo da fuga da água são as ações humanas. “Já tivemos uma perda na entrada, ou seja, as cabeceiras estão jogando menos água, porque estão sendo desmatadas e o desmatamento provoca o escoamento superficial e não a manutenção das águas para serem produzidas a partir das nascentes, então já há uma redução na entrada", explica.


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Ele também ressalta que os conflitos do hidronegócio tem impacto na bacia. "A gente também percebe que é algo que vem se reproduzindo é o conflito do uso de água. Isso a gente vê claramente no trecho dos perímetros irrigados do São Francisco, principalmente na região de Petrolina, Juazeiro e adjacências onde nós percebemos que esse processo é mais acentuado”, aponta.

Washington analisa também como a transposição afeta os recursos hídricos. “Cabe também registrar que nós temos eixos da transposição que já estão ativos e isso significa uma fuga de água que inicialmente foi calculada; mas numa situação onde não se esperava que você tivesse redução dos recursos hídricos. As obras da transposição do Rio São Francisco iniciaram em 2007 visando a construção de 720 mil metros de canais para transferência de 1 a 3% das águas do rio”, afirma o coordenador da equipe Caatinga no Mapbiomas.

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O bioma e as mudanças climáticas

Com esse projeto, muitas famílias foram beneficiadas com as águas do São Francisco, mas, de acordo com Washington, sem a devida revitalização do Rio, além da vida das pessoas, o bioma Caatinga também está em perigo e as mudanças climáticas causadas pela perda da vegetação podem ficar ainda mais agressivas no semiárido.


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