Prato contaminado, trabalhadores doentes e impacto econômico: o que muda se o ‘PL do Veneno’ for aprovado

“Uma vez aprovado, o PL deixa mais forte e contundente todo o desmonte proporcionado pelo governo”, analisa Rafael Rioja, coordenador de consumo sustentável do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor).


O possível fim do mandato de Bolsonaro, conforme mostram as pesquisas de intenção de voto, é uma preocupação para a bancada ruralista, ou a Frente Parlamentar Agropecuária. Com a possibilidade de entrada de um governo mais preocupado com o meio ambiente e saúde, os parlamentares estão fazendo de tudo para que o projeto seja aprovado o quanto antes. 

Manobras da bancada ruralista anteciparam a votação do ‘PL do Veneno’ e permitirão que ele seja votado somente na Comissão de Agricultura, sem passar pelas outras comissões (como a do Meio Ambiente e de Assuntos Sociais). A ideia dos parlamentares favoráveis à medida era aprová-la ainda antes do recesso parlamentar, que começa na próxima segunda-feira (18). No entanto, em reunião nesta quinta-feira (14), integrantes da Comissão da Agricultura decidiram que uma nova audiência pública para discutir o projeto acontecerá em agosto, atendendo a um requerimento feito por senadores do PT, Cidadania, PROS e PSB.

“A sociedade tem que debater esse tema muito mais do que estão debatendo. Não dá pra aprovar uma lei que está envenenando a água, os alimentos, o meio ambiente, pulando comissões. É inaceitável”, critica Suely Araújo, ex-presidente do Ibama.


Investigação da Repórter Brasil e da Agência Pública mostrou que cinco senadores da Comissão da Agricultura foram multados em R$ 444,9 mil por infrações e crimes ambientais nos últimos 23 anos. A maioria dos senadores da comissão são ligados à Frente Parlamentar Agropecuária, a bancada ruralista. Em abril, os parlamentares se reuniram com o presidente do Senado Rodrigo Pacheco para cobrar agilidade na tramitação desse e de outros projetos com impacto ambiental – e foram prontamente atendidos Como o projeto de lei foi aprovado na Câmara dos Deputados por 301 a 150 votos em fevereiro, caso passe no Senado, vira lei.



Categoria:Notícias